quarta-feira, fevereiro 21, 2007

FOTO: PROFESSORA ROSANGELA
Lição de casa: uma lição para a escola


Marcelo Cunha Bueno


Muitas escolas e famílias propõem um debate bastante pertinente e que ocupa uma grande parte da rotina escolar: a lição de casa.Esse tipo de tarefa sempre foi um elemento de discórdia entre professores e estudantes e familiares e escola.

Pesa sobre ela o estigma de roubar momentos livres de brincadeiras de meninos e meninas, de obrigar pais e mães a esforçarem-se no difícil intento da educação de seus filhos e de poupar a escola de ensinar conteúdos.

Peço que façam um exercício para problematizar essa questão para além das lembranças e estigmas que a lição de casa carrega. Vamos pensar de uma outra forma, mais formativa. E quando me refiro à formação, não me limito somente a falar dos estudantes, mas de professores e de familiares ou parentes que realizam ou ajudam seus filhos a realizarem tais lições.Por que fazer a lição de casa?

A lição de casa é um instrumento fundamental para a escola e que, de forma alguma, deve deixar de existir na rotina diária dos estudantes.

É preciso deixar claro alguns pontos importantes: lição de casa não é exercício de “recognição”, ou seja, de reconhecimento; não é cópia de livro didático, de Internet, de enciclopédia; não é passatempo nem um elemento que cria obstáculos para a felicidade do final de semana; não é obstrutora da infância; não é preguiça do professor e, muito menos, atividade compensatória por falta de tempo ou castigo.

Em oposição a essas características, aponto que seu verdadeiro objetivo é a formação de um estudante, entendendo que esse vai além da escola, ou apesar dela. Estudante é aquele que associa, relaciona, produz, cria e experimenta o conhecimento de forma sensível. Aquele que, no teatro, lembra-se do livro; que, ao ler um livro, pensa no cinema; no cinema, pensa nos amigos... multiplica as suas perspectivas de aprendizagem. Lição de casa é um exercício de formação, de multiplicação de conhecimentos.

Conhecimentos estão em todas as partes. Não somente na Internet, em enciclopédias ou dicionários.

Estamos acostumados e nos sentimos seguros com as respostas exatas, prontas. Achamos que, ao escrevê-las, conseguimos captar sua intenção e, ainda, colocar o nosso entendimento. Isso não é aprender! Engana-se aquele que acha que, apenas resumindo, produziu algo. Em casa, sem a ajuda do professor – que não pode ser confundido com livros – meninos e meninas encontram-se diante de um grande desafio: não é fácil encontrar as próprias palavras!

Nenhum comentário: